4 de maio de 2009

TERRAS DE GARCIA LORCA

PAÍS IRMÃO
SINGLE, DISCÓFILO 1004/S



Mais um disco que festeja Abril.
É um single editado pela Discófilo (propriedade de Tonicha, João Viegas e Ary dos Santos) em 1975.
O vinil de 45 rotações apresenta duas canções cujas letras são da autoria de José Carlos Ary dos Santos. Os arranjos dos dois temas ficaram a cargo de Jorge Palma.
A capa é da responsabilidade de Wladimiro Bas (Madrid).

TERRAS DE GARCIA LORCA
(Ary dos Santos/Nuno Nazareth Fernandes)

Garras de Garcia Lorca
Cravadas no sul de Espanha
Fincadas na carne morta
De uma guerra sem entranhas.

Rosas de sal
Estoirando pólvora negra
Rosas sem sol
Parindo filhos de pedra.

Heróis do pão de sicuta
Bebendo limões de vinho
Sangria de mágoa e luta
Derramada no caminho.

Trevas de Garcia Lorca
Gravadas no sol de Espanha
Farpas que levam à forca
Toiros de raças estranhas.

Ossos ao sol
Nas crateras de Toledo
Facas de sal
Abrindo chagas no medo.

Nascemos sempre de novo
Morremos sempre de perto
Eis o poema de um povo
Que luta por ser liberto.

É contra a guarda civil
Que levantamos o braço
Em Espanha espera-se Abril
Desenhado por Picasso.

Pombas voando
Por terras de Andaluzia
Cravos chegando
Para Federico Garcia.

Nascemos sempre de novo
Morremos sempre de perto
Eis o poema de um povo
Que luta por ser liberto.

O tema "Terras de Garcia Lorca" foi reeditado em cd na compilação da série o "MELHOR DOS MELHORES" (Movieplay, 1994), da qual ainda há pouco tempo comprámos um exemplar numa discoteca da Rua Augusta, e na "ANTOLOGIA 1971-1977" (Movieplay, 2004), ainda disponível nas discotecas.
Oiçam o tema pois vale bem a pena saborear a voz da Tonicha e a riqueza poética que Ary dedicou ao povo "nuestro hermano" que entrou na democracia mais tarde que nós.

LADO A
TERRAS DE GARCIA LORCA
(Letra: Ary dos Santos)
(Música: Nuno Nazareth Fernandes)

LADO B
PAÍS IRMÃO
(Letra: Ary dos Santos)
(Música: Braga Santos)




PAÍS IRMÃO
(Ary dos Santos - Braga Santos)

Canto na raia de Espanha
Serei sempre portuguesa
Vento que venha de Espanha
Não me apanha com certeza.

Vejo dançar as espanholas
Entre o medo e a verdade
Eu não trago castanholas
Mas já canto a liberdade.

REFRÃO
Canta comigo amigo
E dança comigo irmão
As fronteiras do trigo
Não são as mesmas do que as do pão.

Ai Portugal dizemos não.

Canto na terra descalça
Cá não temos os preciados
E mais vale andar descalça
Do que de pés mal calçados.

Eu tenho um par de sandálias
À medida do meu pé
São abertas como dálias
Por isso canto de pé.

REFRÃO
Canta comigo amigo
E dança comigo irmão
As fronteiras do trigo
Não são as mesmas do que as do pão.

Vamos todos ter sapatos
Com tacão sempre mais alto
Se formos dois irmãos juntos
Havemos de cantar de alto.

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