27 de abril de 2009

LEMBRAR

ABRIL

A propósito das comemorações dos 35 anos da Revolução dos cravos, iniciamos hoje uma viagem às memórias de Abril eternizadas na voz de Tonicha, uma das mais belas vozes (femininas) que cantou Abril.

Contrariamente ao registo da memória de muitas viagens que, invariavelmente, começam por "Há muito tempo...", o ponto de partida da nossa viagem à lembrança de Abril são as palavras de um visitante assíduo deste blogue e fã de Tonicha, que nos chegaram esta semana via e-mail:

"No belíssimo espectáculo denominado "As vozes que Abril abriu" conduzido pela apresentação do sempre em forma Júlio Isidro e da magnifica e fresca Silvia Alberto, mais uma vez a ausência de uma das vozes que mais cantou Abril: Antonia Tonicha!
Pode-se saber porquê?
"
Joaquim Henrique Coimbra
Orada (Borba)




Portugal tinha acabado há pouco de sair à rua de punho erguido, com cantigas como armas e balas em forma de cravo, pairava ainda no ar o calor da Revolução e os portugueses habituavam-se lentamente a despertar em liberdade, quando chegou ao mercado discográfico um single chamado "Bandeira da Vitória", edição da Discófilo.
Estávamos em 1975 e o pequeno vinil, com letras do crítico de televisão Mário Castrim e de Gonçalves Preto, lembrava a todos os portugueses que a ditadura tinha definitivamente caído.

LADO A
BANDEIRA DA VITÓRIA
(Letra: Mário Castrim)
(Música: Nuno Nazareth Fernandes)


LADO B
CANTAREMOS/LUTAREMOS
(Letra: Gonçalves Preto)
(Música: Braga Santos)


O single contou com a colaboração de José Carlos Ary dos Santos, poeta libertário e da liberdade, adepto fervoroso da Revolução, com quem Tonicha já trabalhava desde 1971, que emprestou a sua voz tão característica à canção "Cantaremos/Lutaremos", entoando o refrão que lhe dá nome.
Com a mudança de Tonicha para a editora Orfeu, estes temas viriam a ser reeditados com uma nova capa.

CANTAREMOS/LUTAREMOS
(Letra: Gonçalves Preto)
(Música: Braga Santos)


Agora companheiros cantaremos
por aqueles que morreram na prisão.
Cantaremos a canção que vale a pena,
com a força de uma raiva em cada mão.
Cantaremos com a voz da liberdade
e faremos dessa voz nossa razão.

Cantaremos este sol imaginado,
cantaremos esta sede de amanhã,
que tiveram os amigos que lutaram
p'ra nos dar a liberdade por irmã.

Cantaremos os caminhos que nos deram
cantaremos o sinal que ainda se vê
e deixaram os amigos que levaram
e morreram a saber por quê.

Lutaremos
(lutaremos)
Venceremos
(venceremos)
Cantaremos
(cantaremos).

20 de abril de 2009

TONICHA: CANTIGAS DO MEU PAÍS

FOLCLORE
LP, DISCÓFILO, 2001/L



Eis-nos chegados ao LP "CANTIGAS DO MEU PAÍS" originalmente gravado por Tonicha para a editora Discófilo e lançado no mercado discográfico português no ano de 1975.

Note-se que a edição que a Orfeu viria a fazer, para além de usar a mesma fotografia da capa (da autoria de Álvaro João), manteve o mesmo arranjo gráfico e layout (tipos de letra iguais dispostos da mesma forma) apenas alterando as cores: do nome de Tonicha (a vermelho na edição Discófilo e a branco na Orfeu) e do nome do álbum (a preto no LP da Discófilo e a vermelho na Orfeu).
As contracapas, apesar de muito idênticas, tiveram essencialmente alterações nas cores dos tipos de letra.
Esta edição conta ainda com uma bela fotografia de Tonicha, com a assinatura da própria, da autoria de Júlio Gomes.


FOTO: Júlio Gomes

Este é o grande álbum de Tonicha que ficou marcado pela participação, no acompanhamento, do CONJUNTO DE GUITARRAS DE ANTÓNIO CHAINHO, do qual faziam parte:

ANTÓNIO CHAINHO
NOBRE COSTA
J. M. NÓBREGA
RAÚL SILVA

LADO A
FADINHO DO POBRE
(Popular)
BARQUINHA FEITICEIRA
(Popular)
CANTIGA DO REI
(Popular)
COMPADRE PARTIDÁRIO
(Ary dos Santos - Popular)
VIDA MILITAR
(Popular)
BARQUEIROS DO POVO
(Ary dos Santos - Popular)

LADO B
SERRANA POVO
(Ary dos Santos - Popular)
RIBEIRA CHEIA
(Popular)
MALHÃO DE CINFÃES
(Popular)
DOBADOIRA
(Popular)
A MODA DA SAIA CURTA
(Ary dos Santos - Popular)
ISTO AGORA VAI OU RACHA
(Ary dos Santos - Popular)

De salientar neste álbum a dupla participação musical de Jorge Palma (responsável pela Supervisão e misturas):

JORGE PALMA - Piano, natal, xilofone
RUI CARDOSO - Clarinete baixo, flauta, suprano
VICTOR MAMEDE - Percursão
SIEGFRIED SUGG - Acordeão

FICHA TÉCNICA
ESTÚDIOS - Musicorde
TÉCNICOS - Alberto Nunes/Carlos Duarte
FOTOS - Álvaro João/Júlio Gomes
EXECUÇÃO GRÁFICA - Sericrom
PRODUÇÃO E EDIÇÃO - Discófilo

19 de abril de 2009

TONICHA: FOLCLORE

COMPADRE PARTIDÁRIO
EP, DISCÓFILO, 3003/E



O EP "Compadre partidário" fecha a série de EPs lançados no mercado português no ano de 1975 pela Discófilo, extraídos do álbum "CANTIGAS DO MEU PAÍS".
Dos 3 que foram editados, este é o único que reúne um alinhamento inteiramente composto por temas populares com letras escritas pelo poeta Ary dos Santos.

Mais uma vez, chamamos a atenção para os títulos das canções, todos eles tão representativos da época revolucionária em curso.

LADO A
COMPADRE PARTIDÁRIO
(Ary dos Santos - Popular)
SERRANA POVO
(Ary dos Santos - Popular)

LADO B
ISTO AGORA VAI OU RACHA
(Ary dos Santos - Popular)
BARQUEIROS DO POVO
(Ary dos Santos - Popular)

18 de abril de 2009

TONICHA: FADINHO DO POBRE

A MODA DA SAIA CURTA
EP, DISCÓFILO, 3004/E



Este EP de 1975, com edição da responsabilidade da Discófilo, foi retirado do álbum "CANTIGAS DO MEU PAÍS".
À semelhança do vinil divulgado no post de dia 14/04/2009, também este contém um alinhamento diferente daquele que posteriormente viria a ser escolhido pela nortenha Orfeu.
Apesar das diferenças de alinhamentos, as capas de ambas as edições (Discófilo e Orfeu) utilizam a mesma série de fotografias da cantora, embora com arranjos gráficos diferentes.

Neste ano de 2009, 34 anos depois de Tonicha ter celebrizado o tema "Malhão de Cinfães", a cantora Tereza Salgueiro grava-o para o seu último CD com o Lusitânia Ensemble. Isto só vem provar que há temas que são intemporais.

LADO A
FADINHO DO POBRE
(Popular)
MALHÃO DE CINFÃES
(Popular)

LADO B
MODA DA SAIA CURTA
(Ary dos Santos - Popular)
DOBADOIRA
(Popular)



CURIOSIDADE:
Na revista de espectáculos PLATEIA nº 780 de 1 de Março de 1976 encontrámos o anúncio da venda deste EP, por encomenda, pelo preço de 78$50 (setenta e oito escudos e cinquenta centavos).

DOBADOIRA
(Popular)

Era tão cedo
Que mal se via
Na minha aldeia
Tudo dormia.

Tudo dormia
E trabalhando
A dobadoira
Ia rodando.

REFRÃO
Doba doba dobadoira
Não enrices a meada
Quero dobar o novelo
Tenho a minha mão cansada.
O novelo era grande
Não me cabia na mão
Doba doba dobadoira
Dentro do meu coração.

De pequenina
Que mal falava
Dobadoira
Já trabalhava
Já trabalhava
Sempre cantando
A dobadoira
Ia rodando.

14 de abril de 2009

TONICHA: RIBEIRA CHEIA

VIDA MILITAR
EP, DISCÓFILO, 3004/E



As várias mudanças de editoras que Tonicha teve ao longo da sua carreira deram origem a várias reedições do mesmo material discográfico, um sinal do potencial de venda das canções celebrizadas pela cantora.
Os EP que hoje começamos a divulgar são as gravações originais de um álbum que, ainda no mesmo ano de 1975, viria a ser reeditado pela Orfeu quando Tonicha se transferiu para a etiqueta de Arnaldo Trindade. Falamos do álbum "CANTIGAS DO MEU PAÍS".

Este EP, de um conjunto de três, foi gravado e lançado no mercado pela primeira vez pela extinta DISCÓFILO, editora que foi propriedade de Tonicha, João Viegas e Ary dos Santos.
As edições dos EPs lançados pela Discófilo apresentam um alinhamento de temas diferente daquele que viria a constar nos vinis da Orfeu.
Este primeiro disco, "Ribeira cheia", reúne os temas:

LADO A
RIBEIRA CHEIA
(Popular)
BARQUINHA FEITICEIRA
(Popular)

LADO B
VIDA MILITAR
(Popular)
CANTIGA DO REI
(Popular)



A propósito da criação da editora DISCÓFILO, a imprensa da época noticiou o acontecimento.
A primeira notícia que conseguimos encontrar data de 04 de Março de 1975, um apontamento que consta da revista de espectáculos PLATEIA.


in PLATEIA nº 735, 04/03/1975

Dois meses mais tarde, a mesma publicação volta a dar destaque à editora propriedade da nossa Tonicha, do marido João Viegas e do poeta Ary dos Santos.


in PLATEIA nº 744, 06/05/1975

8 de abril de 2009

TONICHA: REGRESSO

CORRECÇÃO



No seguimento do nosso post do dia 05 de Abril em que dávamos conta de uma possível reedição do CD de Tonicha "REGRESSO" do ano de 1993 e, no seguimento de um comentário deixado por um leitor, contactámos telefonicamente a UNIVERSAL MUSIC (Portugal), ao que apurámos o seguinte:

Os CDs que encontrámos, na semana anterior, em algumas grandes superfícies da área da grande Lisboa, não correspondem a uma reedição do trabalho "REGRESSO" (1993) da cantora Tonicha.
Segundo apurámos tratam-se sim, de "restos de colecção" que ainda estão no mercado.

Também aproveitámos para saber se, relativamente aos trabalhos "CANÇÕES D'AQUÉM E D'ALÉM TEJO" (1995) e "MULHER" (1997), estavam previstas reedições para breve.
A resposta que obtivemos foi que, "em princípio não estão previstas reedições, o que não significa que não possam vir a ser reeditados".

Fica a correcção.

Resta a todos nós: leitores, fãs, mercado discográfico, público em geral, a espera!!

5 de abril de 2009

TONICHA: REGRESSO

REEDIÇÃO ??



Boas notícias para todos aqueles que há muito nos contactam sobre as reedições dos CDs de Tonicha referentes aos anos 90.
Ainda durante esta última semana, voltámos a encontrar à venda o CD "REGRESSO" de 1993 em várias lojas da grande Lisboa.
Julgamos tratar-se de uma possível reedição, visto que este trabalho encontrava-se fora de catálogo há já algum tempo. Se se trata efectivamente da reedição, só nos resta saudar a iniciativa da UNIVERSAL.

Fica porém a saber a pouco!
Aguardamos com muita expectativa e, diríamos mesmo, impaciência que a editora UNIVERSAL se lembre de reeditar dois outros discos, pelos quais muitos leitores deste blogue têm insistentemente perguntado:

CANÇÕES D'AQUÉM E D'ALÉM TEJO
(1995)
MULHER
(1997)

ESPAÇO PÚBLICO



A propósito do último álbum de Tonicha, "CANTOS DA VIDA" (Farol, 2008), que já aqui anunciámos (ver o post de 7 de Setembro de 2008), foi publicado o seguinte comentário no "ESPAÇO PÚBLICO" do suplemento Ípsilon do jornal Público de 3 de Abril: