28 de agosto de 2013

João Maria Viegas

Salvaterra de Magos, 1930 - Lisboa, 2013

Foto gentilmente cedida por Tonicha. 





















João Maria Viegas, um ribatejano apaixonado pela música tradicional do nosso país, conheceu Tonicha ainda nos anos sessenta, quando, por intermédio de um outro cantor, colega de Tonicha, a convidou para ir a Santarém, ao seu programa “Onda Matinal” da Rádio Ribatejo. A partir daí já não se separaram. Tonicha gravava para a etiqueta RCA e João Viegas foi para lá trabalhar como A. R. da editora, responsável pelos repertórios dos artistas portugueses. Foi ele que incentivou Tonicha a gravar a música tradicional portuguesa. Não foi à primeira tentativa que Tonicha aceitou. Mas assim que a cantora se dispôs a esse repertório, João Viegas, que em breve seria seu companheiro de uma vida inteira, proporcionou-lhe um dos seus primeiros grandes êxitos, recolhido no cancioneiro de Alves Redol: “Vira dos Malmequeres”, que já faz parte do imaginário popular português. A este EP (disco de 4 temas), de 1969, seguiram-se mais alguns êxitos retumbantes: “Maria Rita”, “Primavera das Lindas Flores”, “Com que Letra se Escreve Maria”, “Resineiro” ou “Senhora do Almortão” (estes recomendados por José Afonso).
Já nos finais dos anos 70, João Viegas recolhe, para Tonicha, alguns temas populares que ouvira cantar a alguns dos melhores ranchos folclóricos de Portugal. Adapta ou recria as letras e mantém as músicas tradicionais. Nascem assim alguns dos temas mais populares de Tonicha: “Tu és o Zé que fumas”, “Pestotira”, “Zumba na caneca”, “O Chico Pinguinhas”, “Sericotalho, bacalhau, azeite e alho”, entres muitos outros. Tonicha e João Viegas abrem, nos anos oitenta, no Ribatejo, o restaurante “Páteo d’Almeirim” e, durante alguns anos, Tonicha apenas canta aí, para os clientes do restaurante, muitos dos quais, grandes grupos que vinham de todo o país, mas principalmente do norte, região que Tonicha também muito cantou.
Em 1993, Tonicha volta à ribalta e lança o seu primeiro cd de originais, “Regresso”, que esteve nos tops nacionais, vendendo milhares de cópias. Para este disco, João Viegas escreveu algumas letras que deu a musicar a grandes compositores: Nuno Nazareth Fernandes, Rao Kyao ou Luís Pedro Fonseca. Os temas que propomos ouvir e que pretendem prestar homenagem a este homem que acompanhou e dirigiu a carreira de Tonicha quase desde o início pertencem a esse cd -"Regresso": “O que é que eu faço?”, "Minha Terra de Agosto Desejado", "Chula", "Uma Rosa por Amor" e "Sou como a cigarra".
João Maria Viegas: Salvaterra de Magos, 1930 – Lisboa, 2013.
Paz à sua alma!
Cantemo-lo na voz da sua eterna “Menina”, Tonicha.