25 de abril de 2010

CANÇÕES DE ABRIL

CRAVOS DA MADRUGADA
SINGLE, DISCÓFILO 1001/S


FOTO: Carlos Gil / CAPA: Nuno Nazareth Fernandes

FACE A
O POVO EM MARCHA
(Letra: J. C. Ary dos Santos/Música: Braga Santos)

FACE B
CRAVOS DA MADRUGADA
(Letra: Mário Castrim/Música: Nuno Nazareth Fernandes)




... clique no botão "Play"

CRAVOS DA MADRUGADA
(Letra: Mário Castrim/Música: Nuno Nazareth Fernandes)

Quando o povo ergueu a sua voz
Para deixar de ser escravo
O sol nasceu e brilhou para nós
E tinha a forma de um cravo.

Era ainda madrugada
E já um cravo dizia
Que na ponta da espingarda
Era tempo de ser dia.

REFRÃO (2x)
Eram cravos cravos cravos
Eram cravos mais de mil
Eram punhos levantados
Do povo no mês de Abril.

O cravo exigiu salário
Para se tornar português
Alex deu sangue operário
Catarina o camponês.

Aperta um cravo na mão
Carne viva cravo novo
Defende-o bem, capitão
Defende-o capitão-povo.

NOTA: Pode encontrar informação mais detalhada sobre este trabalho aqui e aqui.

16 de abril de 2010

TONICHA: FALA DO HOMEM NASCIDO

OPERETA PARA DISCO
LP, ORFEU

Por iniciativa de José Niza a cantora Tonicha participa, em 1972, em "Fala do Homem Nascido", uma opereta gravada para disco, com poemas de António Gedeão.
Os cantores convidados para este projecto, que inicialmente saiu em LP pela editora Orfeu, foram Duarte Mendes, Carlos Mendes, Samuel e Tonicha.
Com música composta por José Niza, que também assinou a produção do disco, "Fala do Homem Nascido" teve arranjos e direcção de orquestra a cargo do maestro José Calvário.
Já no final dos anos 90, mais precisamente em 1998, a Movieplay lançou no mercado uma reedição em formato CD.



1- ESTRELA DA MANHÃ
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
FALA DO HOMEM NASCIDO
Canta: Samuel
2- DESENCONTRO
Cantam: Samuel e Tonicha
3- TEMPO DE POESIA
Canta: Duarte Mendes
VIDRO CÔNCAVO
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
4- POEMA DA MALTA DAS NAUS
Canta: Samuel
LÁGRIMA DE PRETA
Canta: Duarte Mendes
5- POEMA DO FECHO ÉCLAIR
Canta: Duarte Mendes
6- CALÇADA DE CARRICHE
Canta: Carlos Mendes
7- POEMA DA AUTO-ESTRADA
Canta: Tonicha
8- POEMA DE PEDRA LIOZ
Canta: Samuel


FOTO: Álvaro João

Poemas: António Gedeão
Música: José Niza
Arranjos e Direcção de Orquestra: José Calvário
Gravação de Orquestra nos Estúdios Celada (Madrid): Pepe Fernandez, Enrique Rielo e Vinader
Gravação de vozes nos Estúdios Polysom (Lisboa): Moreno Pinto
Produção: José Niza
Arranjo gráfico da capa original: Beatriz Morais Alçada
Fotografias da capa original: Álvaro João
Fotografia de António Gedeão: gentilmente cedida pelo fotógrafo João Ribeiro
1972, Orfeu

... clique no botão "Play"

POEMA DA AUTO-ESTRADA
(Letra: António Gedeão/Música: José Niza)

Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.

Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.

12 de abril de 2010

PATXI ANDIÓN

4 CANÇÕES
EP, MOVIEPLAY, SON100.020


FOTO: M. Fiuza

Este disco de 1972 apresenta as versões de José Carlos Ary dos Santos para "4 CANÇÕES DE PATXI ANDIÓN", com direcção musical do maestro Thilo Krassman. No interior do disco encontramos as letras das canções em castelhano e em português.
Leia-se o interessante texto que Ary assina na contracapa:

"Pax Andion (?) é - e já muitos o têm dito - um "caso" musical. Mas, quanto a mim, a grandeza maior desse "caso" reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino.
Em boa hora decidiu Tonicha interpretar algumas das suas canções, de cuja versão portuguesa tive o prazer de me ocupar. Também ela à sua maneira, personifica mais do que nenhuma outra, entre nós, o canto da nova mulher portuguesa. Canto de amor do povo e de amor pelo povo. Canto personificado num talento de facto ímpar mas, por força da sinceridade e do poder de comunicação humana, tornado colectivo e geral."




FACE A
PUEDO INVENTAR
POETA DESDE LEJOS

FACE B
20 VERSOS A MI MUERTE
HABRIA QUE SABERLO

Poemas e Música de Patxi Andión / Versões em Português de J. C. Ary dos Santos
Direcção Musical: Thilo Krasmann
Estúdios: Celada (Madrid) e Polysom (Lisboa) / Som: Pepe Fernandez e J. François Beaudet
Foto da Capa: M. Fiuza
1972 Movieplay


Destas 4 belas canções que integraram este EP de 1972, apenas o tema "Poeta desde lejos" foi reeditado, na versão portuguesa, na colectânea da Movieplay "ANTOLOGIA 1971-1977" do ano 2004.
Mais uma vez, uma parte importante do material discográfico de Tonicha fica por enquanto confinado ao vinil, enquanto se espera que as editoras apostem, invistam, na reedição destes temas. Ouvintes interessados há muitos, espalhados de norte a sul do país, e até no estrangeiro (incluindo na vizinha Espanha onde a carreira de Tonicha ainda é lembrada e seguida atentamente).

... clique no botão "Play"

PUEDO INVENTAR
(Letra e Música: Patxi Andión)
(Versão portuguesa: J. C. Ary dos Santos)

Posso cantar inventando
Que te deixaste ficar
Posso cantar inventando
O que eu quiser inventar.

Posso inventar-te encontrando
Por sobre as ondas do mar
Teus olhos que estão esperando
Que tu me vejas chegar.

Posso inventar um lugar
De onde te lance a voz
E ouvir-te murmurar:
"Quem está aqui somos nós".

Posso inventar-te chorando
Mesmo que o choro não venha
Posso inventar-te sonhando
Embora sonhos não tenha.

À voz da minha guitarra
Gostaria de mandar
Que se transforme em cigarra
E que deixe de chorar.

Que abafe a sua tristeza
E não me perturbe a voz
Hoje és mais meu do que nunca
Basto eu por sermos nós.

Hoje não é como era
Hoje serás como eu for
Posso inventar tua ausência
Posso inventar teu amor.