28 de setembro de 2008

TONICHA: FESTIVAL DA FIGUEIRA DA FOZ

BOCA DE AMORA
EP, RCA, TP-290

No ano de 1966, Tonicha ganha o Festival da Figueira da Foz. Tinha 20 anos.
A canção "Boca de amora" foi um sucesso e fala de uma princesa que encontrou um grande amor. No ano seguinte, como já aqui referimos no primeiro post deste blogue, Tonicha voltou a ganhar esse Festival com "A tua canção avozinha" (ver início, Junho 2008).

Na contracapa do EP "Boca de amora" os editores da RCA incluíram um curioso texto:

"A pequena Tonicha tem, agora o seu segundo disco, composto de trechos bem ao seu jeito e, talvez, mais ao gosto do público.
Boca de amora, com que a azougada Tonicha venceu o Festival da Figueira da Foz em 1966, é, de facto, uma canção de bela melodia, à qual a artista dá uma interpretação sem igual.
Quanto aos restantes 3 números, por serem de autores, de há muito consagrados, dispensamo-nos de quaisquer comentários.
O público os apreciará, como irá julgar com justiça esta irrequieta e irreverente garota, embora a conheça já dos programas de rádio e TV e ainda dos inúmeros espectáculos em que actua continuamente.
Para acompanhar Tonicha, os arranjos e direcção musical deste disco foram entregues a Jorge Costa Pinto."




LADO 1
BOCA DE AMORA
(José Gouveia)
A VIDA NÃO PÁRA
(Nóbrega e Sousa / António José)

LADO 2
VENTO SUL
(Manuel Paião / Eduardo Damas)
QUERO VIVER
(Manuel Paião / Eduardo Damas)



boca de amora

Era uma vez...
uma princesa tão bonita como a aurora
lábios de mel, boca de amora
eram seus olhos estrelinhas a brilhar
vivia triste pois não tinha a quem amar
mas certo dia seu olhar se iluminou
um grande amor ela encontrou
hoje é feliz e também fez feliz alguém
qualquer história de princesa acaba bem
lá lá lá lá lá lá
lá lá lá lá
a vida com amor é uma canção
o dia tem mais luz e o sol aquece
se o amor floresce no coração

Essa princesa tão bonita como a aurora
lábios de mel, boca de amora
que por amor deixou prender seu coração
é quem vos canta, tão feliz, esta canção!

TONICHA: VOLTA A CANTAR DAMAS PAIÃO

MARUJO DE LISBOA
EP, RCA, TP-343



Este EP, edição RCA, que, pelo número de série, presumimos ser do ano de 1967 marcou o regresso de Tonicha às canções de Eduardo Damas e Manuel Paião.
O disco chama-se "Tonicha volta a cantar Damas/Paião" e é composto pelos seguintes temas, todos da autoria daqueles autores:

LADO 1
MARUJO DE LISBOA
O TEMPO DIRÁ

LADO 2
SE TENS NO PEITO UM CORAÇÃO
QUANTO MAIS LONGE MELHOR


EP gentilmente cedido por João Maria Viegas.

TONICHA: FESTIVAL RTP DA CANÇÃO 1968

FUI TER COM A MADRUGADA
EP, RCA, TP-373

Parabéns RTP Memória!
Ontem tivemos o prazer de rever a nossa cantora preferida no Festival RTP da Canção 1978, que a RTP Memória transmitiu. Nesse ano, a RTP convidou apenas 3 cantores: José Cid, os Gemini e a nossa Tonicha. Cada um cantou 4 canções. Claro que, para nós, uma das melhores canções foi interpretada por Tonicha: "Canção da Amizade", letra de Joaquim Pessoa e música de Carlos Mendes.



FESTIVAL RTP DA CANÇÃO (1968)

A propósito de festivais, lembrámo-nos de apresentar hoje, na íntegra, os dois discos que incluem as canções que Tonicha cantou em 1968.
Este disco contém a canção que quase ganhou o Festival: "Fui ter com a madrugada".
O disco é uma edição RCA. Obteve apenas menos dois pontos que o "Verão" de Carlos Mendes que ganhou nesse ano. Curiosamente, o primeiro episódio da excelente série da RTP "Conta-me como foi" gira à volta deste festival, com umas personagens a torcerem por Carlos Mendes e outras por Tonicha.

LADO 1
FUI TER COM A MADRUGADA
(Pedro Jordão / Rui Malhoa)
AQUELE ENTARDECER
(Pedro Jordão / António José)

LADO 2
NÃO DÊS ATENÇÃO
(Pedro Jordão / António José)
ALGUÉM PARA AMAR
(Eduardo Garcia / Rocha Oliveira)



FUI TER COM A MADRUGADA
(Pedro Jordão / Rui Malhoa)

Fui ter com a madrugada
Ainda deitada
Vim a abraçar o sol
Aves poisam no silvado
Num canto trinado
Chegou mui perto do sol
Ai se os homens todos soubessem
Ir como eu ver nascer a luz
Não fariam noites mais negras,
Negras de noite breu. (1x)



A outra canção que Tonicha apresentou em 1968 foi "Calendário".
Este tema foi gravado num EP, cujo exemplar aqui apresentado foi-nos oferecido por João Maria Viegas, para a então RCA e inclui os temas:

LADO 1
CALENDÁRIO
(Pedro Jordão / António José)
FOI EM NOVEMBRO
(Mariana Filomena / António José)

LADO 2
ZÉ NINGUÉM
(José Mesquita / Francisco Nicholson)
A CANÇÃO DO NOSSO ENCONTRO
(Rocha Oliveira)



CALENDÁRIO
(Pedro Jordão / António José)

Cada dia que se acaba
Vou riscando com uma cruz
Passam anos vai-se a vida
Que já nada traduz
Hoje outra folha
Tirei ao meu calendário
Passou mais um mês
Não adianta contar
São mais trinta dias
Sem ti outra vez
Longa espera, meu cabelo
Acabou já por embranquecer
Falta muito ou falta pouco
P´ra te voltar a ver
São doze folhas cruéis
Que o meu desespero
Há-de sempre atirar
Para o cesto dos papéis
E no fim de tudo nada vai mudar
Passam invernos e primaveras
E o calendário é igual
Por meu mal sempre igual
Por essa razão já pensei que talvez
Seja melhor arrancar
As folhas que falta
Todas de uma vez.

18 de setembro de 2008

UMA TARDE COM TONICHA

1984 - Foto para o single "Pinga Amor"
Na sexta feira passada, rumámos para o sul em direcção a Serpa para assistirmos ao espectáculo de "Tonicha e venham mais cinco alentejanos". Tonicha estava muito bem disposta e feliz por cantar para gente do seu Alentejo que conhecia bem o repertório e a foi acompanhando em coro. Temos algumas fotos que mostraremos noutra oportunidade.
Depois de uma noite bem dormida num hotel muito acolhedor em Serpa, de um pequeno almoço à beira da piscina e de um frugal almoço numa esplanada da praça central, fomos directos a Beja, onde Tonicha e o seu marido, João Maria Viegas, nos esperavam em sua casa para uma conversa. Braços abertos, simpatia, sorrisos e boa disposição acompanharam-nos pela tarde dentro e prolongaram-se até ao jantar. Desfiaram-se memórias, recordou-se o Portugal de várias décadas, contaram-se inúmeras viagens, lembraram-se amigos, falou-se de poetas e de músicos: tudo para aprendermos mais sobre a carreira de Tonicha.
Universidade de Providence - Boston Nos anos 70, Tonicha foi convidada por um professor de Cultura e Literatura Portuguesas da Universidade de Providence para cantar num evento ali organizado. AS FOTOGRAFIAS, OS DISCOS...
Com a mesma simpatia com que nos abriu as portas de sua casa, João Viegas partilhou connosco o arquivo sobre Tonicha que foi construindo ao longo dos anos. Os recortes de jornais e as capas de revistas, as fotografias que nunca antes tínhamos visto, a colecção de discos, a tudo tivemos acesso. As fotografias que estamos agora a publicar foram-nos oferecidas pelo casal. Se já admirávamos Tonicha, agora também ficámos a admirar João Viegas.
1972 - Rio de Janeiro, com Elis Regina
Nesta foto, Tonicha aparece retratada junto com uma das maiores figuras de sempre da música brasileira, Elis Regina que a vida levou cedo demais, e que Tonicha muito admira.
Foi no ano de 1972 que Tonicha esteve no Brasil para cantar o tema "MANHÃ CLARA" no VI Festival do Rio de Janeiro. A letra, escrita por José Carlos Ary dos Santos, fez muito sucesso por se revelar uma metáfora da liberdade num tempo em que o Brasil vivia uma forte ditadura. A prestação de Tonicha nesse Festival valeu-lhe o Prémio da Crítica. Curiosamente o prémio foi-lhe entregue pelas mãos de outra grande senhora da canção: Shirley Bassey.
MANHÃ CLARA (Letra: Ary dos Santos/Música: Nuno Nazareth Fernandes) Em ti vou nascendo Por ti vou morrendo Meu amor distante Quase anoitecendo Sempre acontecendo. Por ti vou ficando Em mim vou partindo Meu amor bastante Que vou descobrindo Chegando e partindo. REFRÃO: Por ti vou inventar A manhã clara De outras raízes De outras verdades De outros países De outras cidades De homens felizes. Vou renegar As coisas fáceis As coisas vãs As coisas fúteis. E nunca mais E nunca mais Essas manhãs Serão inúteis Essas cidades Serão vazias Essas verdades Ficarão frias Essas janelas Serão fechadas. E nunca mais E nunca mais As nossas bocas Amordaçadas. Por ti vou cantando Em mim vou dizendo Que nunca sei quando Por ti vou sofrendo E em mim vou crescendo. REFRÃO. 1996 - Foto: Jorge Nogueira, álbum "Canções d'Aquém e d'Além Tejo"
Perguntámos a Tonicha se o génio de Ary era mesmo como nós pensávamos. A cantora respondeu afirmativamente - disse que ele tinha um enorme talento. Contou-nos como o poeta tinha escrito a "MENINA", num serão, sentado à sua frente, olhando para ela. Falou-nos também da recepção que teve na sua chegada de Dublin - a multidão que se juntou entre o aeroporto e o Teatro Villaret, onde deu uma conferência de imprensa.
Fizemos muitas mais perguntas. As respostas ensinaram-nos muito sobre a vida e o percurso artístico de Tonicha: a insistência do marido para gravar folclore; o "RESINEIRO", gravação aconselhada por José Afonso - e o êxito estrondoso que obteve; o convite para ir para Espanha depois do êxito da "MENINA"; as recepções e os shows em Madrid e em Barcelona; o tema "SIMPLESMENTE MARIA" que o maestro Augusto Algueró exigiu que fosse interpretado por Tonicha (numa versão de Ary dos Santos); a grandiosidade do Pátio de Almeirim; os prémios da imprensa, entre os quais o do álbum "FOLIADA PORTUGUESA", de 1983 (do qual nos ofereceram um exemplar para a nossa colecção); o concerto na Mealhada organizado pela RDP Internacional, a que nós assistimos, nos anos 90, aquando do "REGRESSO" (1993, Polygram) e os muitos espectáculos que Tonicha voltou a fazer.
1993 - Foto: Vasconcellos e Sá para o álbum "Regresso"
A conversa continuou sempre muito animada. Abordámos a importância das orquestrações feitas por Jorge Palma nos anos 70 e a qualidade desta nova canção que ele lhe compôs agora - "MENINO/RAPAZ"; os outros dois temas novos do Cd "CANTOS DA VIDA", da autoria de José Fanha/Paulo de Carvalho e de Gonçalves Crespo/José Marinho; os outros temas inéditos que lhe compuseram e que ainda não foram gravados - de Tozé Brito, de José Jorge Letria, de Paulo de Carvalho e Joaquim Pessoa. Falou-se do LP "AS DUAS FACES DE TONICHA", uma edição Zip Zip cujo grafismo nos fez lembrar o LP "ELA POR ELA", apesar de terem autores diferentes. Recordaram-se também os penteados da cantora, pelas mãos do Victor Hugo, sobretudo os do Festival de 1978. Tonicha falou-nos ainda com carinho de um retrato seu, pendurado numa parede da sala, que foi pintado por José Manuel Costa Reis...
1971 - Festival Eurovisão da Canção, Dublin
A grande surpresa aconteceu quando, ao perguntarmos pelo vestido que Tonicha levou ao Festival Eurovisão da Canção quando cantou o tema "MENINA", Tonicha saiu da sala para regressar com o vestido... Grandes emoções!
in Correio da Manhã

7 de setembro de 2008

TONICHA: CANTOS DA VIDA

CANTOS DA VIDA
NOVO DISCO!

Chama-se "Cantos da Vida" e é uma edição Farol que nos traz de volta a voz de Tonicha.
O disco já havia sido anunciado por Tonicha nalgumas entrevistas que deu este Verão. Chegou finalmente ao mercado.
É composto por 16 temas. Os primeiros 13 temas foram gravados para a Polygram/Universal Music Portugal e são alguns dos maiores êxitos de sempre da cantora. Os restantes são inéditos:

1- Tu és o Zé que fumas
2- Zumba na caneca
3- Gaiteiro português
4- Sericotalho, bacalhau, azeite e alho
5- Chico Pinguinhas
6- Pulguinhas
7- Marcha dos marinheiros
8- Pestotira
9- Resineiro
10- Vira dos malmequeres
11- Não vás ao mar Tonho
12- O mar enrola na areia
13- Todos me querem



Os três últimos temas do disco são 3 belas novas canções!

14- Alguém
Poema do poeta Gonçalves Crespo e música do falecido maestro José Marinho.

15- Fui quem sou
Letra de José Fanha e música de Paulo de Carvalho.

16- Menino/rapaz
Letra e música de Jorge Palma.

Estamos muito contentes por Tonicha ter voltado às gravações.
A sua voz adaptou-se muito bem a estas três pérolas. A faixa número 16, de Jorge Palma, é, no nosso entender, a mais bonita destas novas canções. O regresso a uma colaboração que já tinha acontecido nos anos 70 resultou em pleno. Oiçam bem a melodia e vejam como a voz casa bem com ela.

Menino/Rapaz
(Letra e Música: Jorge Palma)

Menino
Eu conheço o teu olhar
A tua forma de afirmar
Que o mundo inteiro é só teu
Menino
Eu já sei dessa aflição
Pequeno sim, pequeno não
E há sempre alguém que perdeu.
Traz o teu corpo incandescente
Traz essa chama irreverente
Mostra-me o trabalho de inglês
Qual foi a tua nota?
Foi boa a tua nota?

Rapaz
Se queres falar comigo
Tira a mão do teu umbigo
Olha pra mim a valer
Rapaz
Fuma lá esse cigarro
Acaba lá com esse charro
Mas faz-me sentir mulher.
Traz o teu corpo incandescente
Traz essa chama irreverente
Mostra-me o trabalho de inglês
Qual foi a tua nota?
Foi boa a tua nota?
Qual foi a tua nota?
Foi boa a tua nota.

No entanto, também gostamos muito das outras duas canções.
O poema da canção número 14 é muito interessante e a música serve bem as palavras.
A canção "Fui quem sou" é uma justa homenagem à linda carreira de Tonicha, aqui tão bem retratada na letra de José Fanha. A música do Paulo de Carvalho (cremos que é a primeira vez que Tonicha grava uma composição do autor) vai ficar facilmente no ouvido.

Fui quem sou
(Letra: José Fanha / Música: Paulo de Carvalho)

Fui quem sou com inteireza
Rosto claro e alma acesa
E um lume sempre a brilhar
E ao pensar neste meu fado
A menina do passado
Passa por mim num olhar.
Passam campos e cidades
Passam poetas, saudades
E a ternura a transbordar
Deste país pequenino
Malandro, santo, menino
Amante louco do mar.

Passa tudo, passa tudo o que cantei
Nas canções, nas canções em que espalhei
Muitos sonhos, muitos sonhos, ilusões
Tristezas e alegrias, gaivotas e cotovias
Passam no céu das canções.

Passa a papoila mimosa
O botãozinho de rosa
Passa o velho e passa o novo
Passa a laranja e o figo
Passa a música do trigo
Mais as cantigas do povo.
Passam luzes e encantos
Passam lágrimas de espanto
Tudo passa de corrida
Passam palcos que pisei
Os amigos que encontrei
Pelos sete cantos da vida.

Passa tudo, passa tudo o que cantei
Nas canções, nas canções em que espalhei
Muitos sonhos, muitos sonhos, ilusões
Tristezas e alegrias, gaivotas e cotovias
Passam no céu das canções.



ALGUÉM
(Letra: Gonçalves Crespo, 1846-1883/José Marinho)

Para alguém sou o lírio entre os abrolhos,
E tenho as formas ideais de Cristo;
Para alguém sou a vida e a luz dos olhos,
E, se na Terra existe, é porque existo.

Esse alguém, que prefere ao namorado
Cantar das aves minha rude voz,
Não és tu, anjo meu idolatrado!
Nem, meus amigos, é nenhum de vós!

Quando, alta noite, me reclino e deito,
Melancólico, triste e fatigado,
Esse alguém abre as asas no meu leito,
E o meu sono desliza perfumado.

Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora
Por mim além dos mares! esse alguém
É de meus olhos a esplendente aurora;
És tu, doce velhinha, ó minha mãe!

TONICHA: VIRA DOS MALMEQUERES

MODAS DO RIBATEJO
EP, RCA, TP-473



"Modas do Ribatejo" foi o primeiro disco de folclore de Tonicha. É uma edição RCA e vendeu milhares de exemplares no tempo em que era normal fazerem-se tiragens de 500 exemplares dos discos dos cantores portugueses. Trata-se de um EP composto por 4 temas, com os arranjos a cargo de Jorge Fontes.

Há uma nota curiosa na contra-capa:

"As quadras cantadas por Tonicha foram seleccionadas por Alves Redol que, com o seu espírito poético as fixou, depois de aturado trabalho de recolha no seu Cancioneiro do Ribatejo".

LADO 1
VIRA DOS MALMEQUERES
(popular)
MODA DAS CARREIRINHAS
(popular)

LADO 2
ERVA CIDREIRA
(popular)
VIRA DA RAPIOCA
(popular)


Vira dos malmequeres
(popular)

Ó malmequer mentiroso
Quem te ensinou a mentir
Tu dizes que me queres bem
Quem de mim anda a fugir.

Desfolhei um malmequer
Num lindo jardim de Santarém
Malmequer bem me quer
Muito longe está quem me quer bem.

Coitado do malmequer
Sem fazer mal a ninguém
São todos a desfolhá-lo
Para ver quem lhe quer bem.

Malmequer não é constante
Malmequer muito varia
Vinte folhas dizem morte
Trinta dizem alegria.

6 de setembro de 2008

TONICHA: POEMA PENA

MANHÃ CLARA
EP, ZIP-ZIP, ZIP 10 034/E

Na "rentrée", continuamos com a recolha dos vinis de Tonicha e temos muitas novidades para mostrar ao longo deste mês.
Temos feito aquisições para a nossa colecção e também já começámos a receber valiosos contributos dos nossos leitores. Aqui fica o nosso agradecimento.



Hoje apresentamos um disco do ano de 1971, das edições ZipZip, que contém três canções muito importantes no repertório e na carreira de Tonicha.
São três "CANÇÕES" no verdadeiro sentido da palavra; canções de autor, canções de poetas e a interpretação de cada uma delas valeu à cantora um prémio.

FACE A

POEMA PENA
Nuno Nazareth Fernandes (Música)
Nuno Gomes dos Santos (Letra)
Augusto Algueró (Orquestração)

FACE B

ROSA DE BARRO
Fernando Guerra (Letra e Música)
Thilo Krasmann (Orquestração)

MANHÃ CLARA
Nuno Nazareth Fernandes (Música)
Ary dos Santos (Letra)
Thilo Krasmann (Orquestração)

A canção "POEMA PENA" foi aquela com que Tonicha se apresentou nas Olimpíadas da Canção de Atenas e onde obteve o 2ºprémio de interpretação. Trata-se de uma canção difícil do ponto de vista da interpretação, em crescendo, pedindo, exigindo sempre mais da voz. E a voz de Tonicha está sempre lá, pujante, dando-se, entregando-se ao crescendo que a música exige. Já a belíssima orquestração de Augusto Algueró valeu-lhe o 1º prémio ex-aequo.

"ROSA DE BARRO" foi apresentada por Tonicha no Festival de Split na Jugoslávia e valeu-lhe o 1º prémio de interpretação.

A canção "MANHÃ CLARA" foi cantada pela nossa Tonicha no VI Festival do Rio de Janeiro e mereceu-lhe o Prémio da Crítica.



"POEMA PENA"
PARABÉNS (RTP-1996)

Como já aqui afirmámos, uma das razões de ser deste blogue é a preservação e concentração de vários documentos sobre Tonicha que se encontram dispersos.
No Youtube conseguimos descobrir uma interpretação do tema "Poema pena" numa edição do programa "Parabéns" da RTP, apresentado por Herman José. Este programa era dedicado a Nuno Nazareth Fernandes. Tonicha foi um dos convidados por ter gravado ao longo da sua carreira muitos temas do compositor.
Falta-nos ainda encontrar o "Parabéns" de 1993 em que a cantora era a convidada principal.







POEMA PENA
(Letra: Nuno Gomes dos Santos)
(Música: Nuno Nazareth Fernandes)
(Orquestração: Augusto Algueró)

Este mal de não saber o bem
Esta dor que me faz não chorar
Esta espada que o meu sonho tem
Este sol que me queima o olhar.

Este vôo que não sei voar
Este ser o que não sei se sou
Este barco que não sabe o mar
Esta espiga que secou.

Tudo isto é o meu poema
Tudo isto é minha pena
Canção vencida de mim, só
Dos poemas fiz meu canto
Fiz das penas o meu manto
Canção meu grito e minha espera.
Tudo isto é o meu poema
Tudo isto é minha pena
Canção vencida de mim, só
Dos poemas fiz meu canto
Fiz das penas o meu manto
E embarquei só.

Esta espera de não poder esperar
Esta cama onde não dormir
Este amor de não saber amar
Esta boca sem saber sorrir.

Esta noite sem amanhecer
Este grito sem querer gritar
Minha casa onde habito só
Este muro a derrubar.

(2x)
Tudo isto é o meu poema
Tudo isto é minha pena
Canção vencida de mim, só
Dos poemas fiz meu canto
Fiz das penas o meu manto
Canção meu grito e minha espera.
Tudo isto é o meu poema
Tudo isto é minha pena
Canção vencida de mim, só
Dos poemas fiz meu canto
Fiz das penas o meu manto
E embarquei só.

Só embarquei minha canção
Nesta estrada
Só.





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Obrigado, RTP!