26 de outubro de 2010

TONICHA REGRESSA AO TEATRO

COM VOZES DE TRABALHO
TEATRO DA TRINDADE, LISBOA
25 NOVEMBRO A 12 DEZEMBRO 2010

Sim, é verdade!
Passados 36 anos desde a estreia de Tonicha no teatro de revista - estávamos então em 1974, a peça chamava-se "Uma no cravo outra na ditadura", criada por César de Oliveira, Rogério Bracinha e Ary dos Santos e levada à cena no Teatro ABC - a cantora vai voltar a pisar os palcos, desta vez para integrar o elenco da nova produção do Inatel/Teatro da Trindade, "Vozes de Trabalho".


FOTO: José Frade

Trata-se de uma nova criação da autoria de Tiago Torres da Silva, com estreia marcada já para o próximo dia 25 de Novembro, onde Tonicha canta canções populares e também temas inéditos.
"Vozes de trabalho" estará em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, de 25 de Novembro a 12 de Dezembro, quintas a sábados às 21h e domingos às 16h.
Com Tonicha, partilham o palco Carlos Mendes, Filipa Pais, Cecília Guimarães, Lurdes Norberto, Joana Negrão, entre outros.

Tiago Torres da Silva, o autor e também encenador do espectáculo, manifestou ao Clube de Fãs a sua "felicidade por estar a dirigir um musical com a Tonicha". O autor, que já escreveu para quase todas as novas vozes da música portuguesa, tem agora também a sua primeira oportunidade para trabalhar com a cantora.


FOTO: José Frade, in site do Teatro da Trindade

Vozes de Trabalho parte do universo dos cantos de trabalho para contar uma estória que, vinda das entranhas da terra, se expande por lugares oníricos de fantasia e ficção.

Ancorado nesses cantos que tornavam mais leves as penas das ceifeiras, dos pescadores, dos vindimeiros, das fiandeiras, etc, Vozes de Trabalho conta-nos o percurso de uma jovem rapariga à procura da sua voz, a sua voz que um homem levou não se sabe para onde e que estará talvez esquecida nessas almas amarfanhadas por trabalhos extenuantes, almas essas que encontravam alívio e procuravam forças nos cantos que entoavam desde que a manhã se levantava até ao pôr-do-sol.

Aparece assim o canto de raiz como força motriz de um espectáculo de teatro onde a música é o que faz avançar e o que trava, onde o próprio espectador se sente parte dessa terra, desse passado reaberto agora como um testamento que une o passado ao futuro.
in site do Inatel

AUTORIA E ENCENAÇÃO Tiago Torres da Silva
DIRECÇÃO MUSICAL Vasco Ribeiro Casais
ASSESSORIA CIENTÍFICA José António Sardinha
CENÁRIO Inês Teixeira
FIGURINOS Hilda Portela

ELENCO
Carlos Mendes Cecília Guimarães
Filipa Pais Joana Negrão
Lurdes Norberto Tonicha

MÚSICOS
André Galvão Rita Nóvoa
Rui Rodrigues Vasco Ribeiro Casais

PRODUÇÃO
Fundação INATEL
Teatro da Trindade

Mais informações aqui.

11 de outubro de 2010

TONICHA

MENINA NIÑA
BERGÈRE COUNTRY GIRL
EP PROMOÇÃO (PROM 004/E), ZIP-ZIP, ZIP 30014/S



Durante o tempo que decorreu entre o Festival da RTP da Canção em Lisboa e o Festival da Eurovisão em Dublin, a editora de Tonicha, a Zip-Zip, apostou forte na divulgação da "Menina" por essa Europa fora. Para isso, foram editados vários discos com a canção original, mas também com versões nas quatro línguas mais populares: inglês, francês, espanhol e italiano.
O EP que hoje apresentamos, da editora Zip-Zip, para além do original em português tem mais três versões: em espanhol, francês e inglês. A belíssima versão italiana mereceu uma edição própria, de que oportunamente aqui daremos conta.

LADO A
MENINA (DO ALTO DA SERRA)
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)
NIÑA
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)

LADO B
BERGÈRE
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)
(Version française: J. C. Ary dos Santos)
COUNTRY GIRL
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)
(English version: John Hampton)




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BERGÈRE
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)
(Version française: J. C. Ary dos Santos)

Bergère jolie bergère
Au regard le clair matin
Offrant tes seins de lumière
Dans la paume de tes mains.

Bergère jolie bergère
Aux senteurs de romarin
Bergère jolie bergère
Vont le corps est le parfum.

Bergère jolie bergère
Tu parfumes les chemins
Buttinant dans les bruyères
Telle un merle baladin.

Bergère jolie bergère
A petits pas de lutin
Bergère jolie bergère
Sautillant les serpentins.

Bergère fille de la terre
Rose rouge sans jardin
Raison racine de guerre
Des campagnards de demain.

Bergère jolie bergère
Tu peux transformer la faim
En faisant des larmes pierres
En faisant des pierres pain.

Bergère jolie bergère
En tissant les lendemains
Bergère jolie bergère
Tu façonnes le destin.

Bergère jolie bergère
Rose rouge sans chagrin
Bergère jolie bergère
Force d'une aube sans frein.

Bergère fille de la terre
Rose rouge sans jardin
Raison racine de guerre
Des campagnards de demain.

Bergère jolie bergère
Tu peux transformer la faim
En faisant des larmes pierres
En faisant des pierres pain.

Raison racine de guerre
Des campagnards de demain.


... clique no botão "Play"

COUNTRY GIRL
(J. C. Ary dos Santos - Nuno N. Fernandes)
(English version: John Hampton)

Country girl, you're on display
As you stroll at early dawn.
Yours breasts so small, and gay
Tightly in your bodice drawn.

Country girls smelling of hay
On an early summer morn.

Country girl, you look your best
When along the lane you walk
With eyes like a feathered nest
Built by thrush but not by hawk.

And a stream around your waist
Country girl, I wish you'd talk.

Country girl, your head held high
You enchant all whom you see
With the sparkle in your eye
Like that of a moonlit sea.

Country girl, please never cry.
Be to me my sap of pine.
Country girl, don't make me sigh
Tell me one day you'll be mine.

Country girl, I feel so bright
When I see your plaits at dawn
As thread with steps so light
Long before the day is born.

Country girl, I feel so bright
When I see your plaits at dawn.

Country girl, your head held high
You enchant all whom you see
With the sparkle in your eye
Like that of a moonlit sea.

Country girl, who always shows
Such contempt for all my pleas
You gaze like a briar rose
Or a breath of mountain breeze.

Country girl, don't make me sigh
Tell me one day you'll be mine.

9 de outubro de 2010

MENINA

CONSCIENTE DAS RESPONSABILIDADES
DE UM FESTIVAL


Continuamos a nossa viagem pelo ano de 1971, a descortinar o que a imprensa da época relatou sobre a passagem de Tonicha pelo Festival RTP da Canção.
A Plateia, uma das mais conhecidas revistas dedicadas ao mundo do espectáculo nos anos 60 e 70, dedicou na sua edição de 2 de Fevereiro um artigo com uma entrevista da cantora.


in Revista Plateia nº 522, 2 de Fevereiro de 1971, p.50

«Durante os sete anos que dura já a sua carreira, Tonicha soube marcar uma posição bem firme no mundo da música portuguesa e tornar-se querida e apreciada pelo público, a ponto de ter sido, no passado ano de 1970, a artista portuguesa que mais discos vendeu. É portanto com uma expectativa aguçada pela audição de "Mulher", de José Carlos Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes, que se aguarda a canção, dos mesmos autores, que Tonicha cantará no Festival: "Menina".
Tonicha participara no Festival de 68 com duas canções: "Fui ter com a madrugada" e "Calendário", ficando em 2º lugar. Depois, não mais acedera a defender uma canção, apesar de todos os anos lhe serem propostas várias com vista ao Festival. Mas quando este ano a RTP decidiu novamente mandar um vencedor ao Festival da Eurovisão, depois de terem sido introduzidas no sistema de votação antigo (que, afinal, é idêntico ao que a própria RTP, que protestou, continua a adoptar) diversas e importantes modificações, Tonicha decidiu-se.
Com uma carreira europeia já muito bem iniciada (ainda em Dezembro esteve em Dusseldorfe, Bruxelas e Luxemburgo e prepara-se já para ir a Split, na Jugoslávia e Bucareste, na Roménia) a ida como representante de Portugal ao Euro-Festival seria o passo decisivo para a internacionalização.
- O Ary e o Nuno fizeram a canção para mim e eu... apaixonei-me por ela. Numa entrevista recentemente publicada puseram na minha boca palavras que, de modo algum, exprimem a minha opinião em relação a "Menina": "A música é lírica, é simples como um poema". Considero, isso sim, o poema de extremo lirismo e de uma pureza e simplicidade bem portuguesas. O próprio Ary dos Santos o classifica como um dos melhores, se não o melhor que escreveu para ser cantado, pensando mesmo inclui-lo no seu próximo livro. Quanto à música, é suave e muito bem adaptada às palavras. Nunca também, como se refere na mesma entrevista, fiz distinções entre canções "lentas" ou "pop", pois uma canção lenta pode perfeitamente ser "pop".



Muito se tem falado e discutido o caso de Tonicha ter chamado o maestro espanhol Algueró para orquestrar "Menina". Diz ela:
- Se todos os anos em que temos participado no Festival da Eurovisão se proclama que o que nos prejudica é a orquestração antiquada e infeliz das nossas canções, não creio que exista nada que me possa impedir de recorrer a um orquestrador com méritos provados e cujos serviços a Espanha não reclamou este ano. Para o próprio "Vivo cantando", que Algueró acabou por orquestrar o ano passado, a muito poucos dias do festival, tinham sido pedidas orquestrações primeiro a um inglês e depois a um francês e só não foi uma dessas a escolhida por não terem agradado.
Algueró, grande senhor do mundo da canção, só aceitou fazer a orquestração depois de ouvir a canção cantada por mim. Para isso me desloquei a Madrid com o Nuno Nazareth Fernandes... e Algueró aceitou!
Quando os nossos maestros aprenderem a actualizar-se e a ir ao encontro das ideias e dos gostos dos novos, em vez de apenas os criticarem, então talvez tenham o direito de falar por eu ou qualquer outro artista recorrermos a orquestradores estrangeiros. Por agora, infelizmente, não.



Embora internacionalmente e mesmo em Portugal, Tonicha seja mais conhecida cantando folclore, é como cançonetista romântica que no próximo dia 11 ela incarnará, para milhares de portugueses, essa "Menina" talvez tão loira como ela. Para ganhar? Quem pode sabê-lo antes do dia 11? Fazendo tudo para isso, sem necessidade de recorrer a propagandas pagas? Isso, sem dúvida nenhuma, mas com plena consciência da responsabilidade que lhe pesa sobre os ombros. Convidada a comparecer no "Curto-Circuito" a realizar no dia 30 de Janeiro, Tonicha recusou por não achar que dispunha de tempo para preparar convenientemente a sua apresentação.
Boa sorte rumo à Europa, "Menina" de narizinho arrebitado e cabelos de sol.»
in Revista Plateia nº 522, 2 de Fevereiro de 1971, p.50