18 de junho de 2011

TONICHA EM SÃO PAULO

PROGRAMA "CARAVELA DA SAUDADE"
SÃO PAULO, OUTUBRO DE 1971


Plateia nº 560, de 26 de Outubro de 1971, p.10

DEPOIS DO ÊXITO DO FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO POPULAR
UMA PRESENÇA FESTIVA NO PROGRAMA "CARAVELA DA SAUDADE"

TV TUPI, CANAL 4

"Alcançou enorme êxito no Brasil, conforme os jornais têm assinalado e a televisão portuguesa mostrou no programa "Presença do Brasil" (...) a "Rosa de Barro" [Nota: deve ler-se "Manhã Clara" e não "Rosa de Barro" ] de Tonicha. Mas, mais do que uma canção, o público brasileiro (além do público português ali radicado) aplaudiu uma estrela em ascensão indesmentível.
No "Diário de S. Paulo", podia ler-se:


"TONICHA CONSAGROU-SE EM S. PAULO - O programa "Caravela da Saudade" da TV Tupi-Canal 4 teve a primazia de apresentar, em São Paulo, a grande cantora portuguesa Tonicha que o público consagrou, aplaudindo-a de pé várias vezes, e respondendo, assim, à injustificável deselegância do júri do FIC e dos "sopros" que lhes foram dados aos ouvidos. Tonicha chegou a ser anunciada como das primeiras classificadas pela Emissora que patrocinava o Festival e, mesmo, entrevistada como finalista, pelos seus locutores. (...)
Mas Tonicha veio a S. Paulo, trazida por nós. Desejávamos saber das suas possibilidades reais e, ela correspondeu, altivamente, provando a injustiça que sofreu, e a que não foi alheio o "sempre eterno e endeusado" organizador do Festival. Tonicha recebeu, em São Paulo, com o Teatro Tupi superlotado, salvas de palmas apoteóticas, imensos ramos de flores e aquilo que poderia chamar-se de uma autêntica consagração a uma cantora que tem obtido os maiores êxitos em outros países e que, em seu dizer, "estava satisfeita porque havia cumprido a sua missão e reprsentado Portugal, não lhe interessando a classificação que, lá fora, em nada diminuia, até porque cada um é o que é e não aquilo que os outros queiram que seja". Recusou-se, na entrevista, com o produtor do programa, a falar sobre o Festival e classificações, alegando que, para além disso tudo - que não importava para ela - estava o seu amor ao Brasil, a sua gratidão a um povo que a recebeu com provas de inestimável carinho. Tonicha fez outra apresentação em S. Paulo, cedida pela "Caravela da Saudade" e regressou, seguidamente, ao Rio de Janeiro, para, por sua vez, voltar a Lisboa, onde a esperam contratos com vários países do mundo. Felicidades Tonicha é o que, sinceramente, desejam os 680 000 portugueses de São Paulo e todos os brasileiros amigos. (...)"

5 de junho de 2011

TONICHA NO RIO DE JANEIRO


Hotel Glória de Copacabana, Rio de Janeiro, Outubro de 1971

FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO POPULAR
RIO DE JANEIRO
1971
PRÉMIO DA CRÍTICA


Em Outubro de 1971, Tonicha participou em mais um grande festival internacional. Depois da Eurovisão, em Dublin, e da Olimpíada da Canção em Atenas, a cantora foi até ao Brasil participar no Festival Internacional da Canção Popular do Rio de Janeiro.
Defendeu a canção "Manhã clara" da dupla José Carlos Ary dos Santos (com um texto muito inspirado como era seu apanágio) e Nuno Nazareth Fernandes (que compôs uma bela partitura em crescendo, mas cheia de nuances e subtilezas sempre ao serviço do poema), brilhantemente orquestrada por Thilo Krassmann.
Com esta actuação a jovem Tonicha obteve o Prémio da Crítica.
"Manhã clara" teve grande impacto no festival sobretudo graças à letra da canção, bastante ousada para um país (ou dois, se contarmos com Portugal) que vivia sob forte ditadura.
E se há palavras, daquelas que Tonicha cantou no Rio, que melhor evocaram essa vontade de libertação foram com certeza: "E nunca mais/as nossas bocas/amordaçadas."

Lembram-se do refrão?

Por ti vou inventar
A manhã clara
De outras raízes
De outras verdades
De outros países
De outras cidades
De homens felizes.
Vou renegar
As coisas fáceis
As coisas vãs
As coisas fúteis.
E nunca mais, E nunca mais
Essas manhãs
Serão inúteis
Essas cidades
Serão vazias
Essas verdades
Ficarão frias
Essas janelas
Serão fechadas.
E nunca mais, E nunca mais
As nossas bocas
Amordaçadas.