Hotel Glória de Copacabana, Rio de Janeiro, Outubro de 1971
FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO POPULAR
RIO DE JANEIRO
1971
PRÉMIO DA CRÍTICA
Em Outubro de 1971, Tonicha participou em mais um grande festival internacional. Depois da Eurovisão, em Dublin, e da Olimpíada da Canção em Atenas, a cantora foi até ao Brasil participar no Festival Internacional da Canção Popular do Rio de Janeiro.
Defendeu a canção "Manhã clara" da dupla José Carlos Ary dos Santos (com um texto muito inspirado como era seu apanágio) e Nuno Nazareth Fernandes (que compôs uma bela partitura em crescendo, mas cheia de nuances e subtilezas sempre ao serviço do poema), brilhantemente orquestrada por Thilo Krassmann.
Com esta actuação a jovem Tonicha obteve o Prémio da Crítica.
"Manhã clara" teve grande impacto no festival sobretudo graças à letra da canção, bastante ousada para um país (ou dois, se contarmos com Portugal) que vivia sob forte ditadura.
E se há palavras, daquelas que Tonicha cantou no Rio, que melhor evocaram essa vontade de libertação foram com certeza: "E nunca mais/as nossas bocas/amordaçadas."
Lembram-se do refrão?
Por ti vou inventar
A manhã clara
De outras raízes
De outras verdades
De outros países
De outras cidades
De homens felizes.
Vou renegar
As coisas fáceis
As coisas vãs
As coisas fúteis.
E nunca mais, E nunca mais
Essas manhãs
Serão inúteis
Essas cidades
Serão vazias
Essas verdades
Ficarão frias
Essas janelas
Serão fechadas.
E nunca mais, E nunca mais
As nossas bocas
Amordaçadas.
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