21 de julho de 2008

CORREIO ALENTEJO ENTREVISTA TONICHA

Ainda antes de irmos para férias de Verão, resolvemos pesquisar na internet à procura de novidades sobre a nossa diva. Encontrámos notícias frescas: o semanário regional "CORREIO ALENTEJO" na sua edição de 18/07/2008 apresentava Tonicha na primeira página.

A notícia reportava ao regresso da cantora à sua terra natal para onde foi viver.


http://www.correioalentejo.com/index.php?go=entrevista&id=40&highlight=Tonicha

Também no "DIÁRIO DO ALENTEJO" de 18/07/2008, encontrámos o seguinte texto assinado por João Covas Lima:

"Tonicha - Beja deve sentir-se orgulhosa por esta sua filha e pela sua carreira artística feita com muito senso e valor."

"Nasceu em Beja e foi na Capricho que começou a cantar e a encantar. Era uma menina pobre, lembro-me dela em casa da minha tia Maria Isabel, na Rua das Ferrarias.
Depois foi viver no Barreiro para casa do seu tio-avô, engrossando a coluna alentejana aí sedeada.
Tinha então 16 anos e aos 18 anos, depois da prestação de provas, entrou nos quadros da Emissora Nacional.
Teve lições de grandes nomes da música portuguesa, Tavares Belo, Fernando Carvalho e Corina Freire.
Em 1965 iniciou a sua vida profissional e logo em 1966 ganhou o primeiro prémio do Festival da Figueira da Foz com a canção "Boca de Amora".
A partir daí coleccionou prémios atrás de prémios, Grandes Prémios TV da Canção e, em 1971 na Irlanda, no Festival da Eurovisão, o de levou o poema "Menina", de José Carlos Ary dos Santos, ficou em nono lugar, um dos melhores de sempre entre os cantores portugueses.
Cantou Ary dos Santos, gravou com José Cid, fez disco colectivo com a participação de Carlos Mendes e, no seu tema "Cancioneiro" foi orquestrada por Jorge Palma.
Com Ary dos Santos gravou quarenta e cinco poemas e este escreveu sobre Tonicha que esta cantava, acima de tudo, o povo ou a mágoa, a alegria ou a dor, com real e profunda comunicação humana, e que Tonicha era, então, depois de Amália, a única intérprete portuguesa com verdadeira dimensão internacional.
Baptista Bastos disse que Tonicha sabe que cantar é amar os outros e dizer-lhes que, apesar de tudo, ainda vale a pena acreditar.
No Cinema estreou-se com António silva e fez Teatro musicado com Ivone Silva.
Agora, a nossa Tonicha regressou à terra que a viu nascer. Acompanhada do seu marido, veio residir para Beja.
Foi uma verdadeira embaixadora de Beja e do Baixo Alentejo e temos o prazer e a alegria de sentir junto de nós a sua figura, simples e despretensiosa, e o seu talento que inundou o mundo da canção.
A Tonicha tudo conquistou, com muita luta e sofrimento. Mas valeu a pena. Beja deve sentir-se orgulhosa por esta sua filha e pela sua carreira  artística feita com muito senso e valor.
"

TONICHA NA REVISTA

UMA NO CRAVO OUTRA NA DITADURA



No ano de 1974, Tonicha participa pela primeira e última vez numa revista do Parque Mayer. A revista "Uma no cravo outra na ditadura", que esteve em cena no Teatro ABC, foi criada por César de Oliveira, Rogério Bracinha e Ary dos Santos.
De acordo com a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, do elenco inicial faziam parte:

Anabela
Aida Baptista
Ivone Silva
José de Castro
TONICHA
Fernando Tordo
José Carlos Ary dos Santos
Lurdes Pinto
João Lagarto
Paula Delgado
Efigénio Pinheiro
Ana Maria
José Damas
José Carlos
Isa Mendes

Em Janeiro de 1975, Tonicha é substituída por Beatriz da Conceição, para quem Ary fez o famoso fado "O meu corpo".

Sabemos que Tonicha gravou as canções que cantou na revista. Há meia dúzia de anos foi editado um cd pela Strauss chamado "Três vozes d'oiro" (Tonicha, Lenita Gentil e Rui de Mascarenhas)que incluía uma dessas canções: "Cacau da Ribeira".

O single que conseguimos encontrar nas nossas buscas é composto por dois temas escritos por J.C.Ary dos Santos; um com música de Fernando Tordo e outro de Pedro Osório. Foi produzido e editado por Sassetti para a marca Zip Zip.

14 de julho de 2008

TONICHA: CANÇÕES DE ABRIL

CANTAREMOS / LUTAREMOS
EP, ORFEU, ATEP 6696

Na editora Orfeu, em 1975, Tonicha grava mais um EP, ainda nos ecos da Revolução.
Pelo número de edição do disco, percebemos que este "Cantaremos/Lutaremos" é posterior ao "Serrana Povo" já aqui apresentado.
Ao contrário do outro disco, nenhum destes temas é da autoria de Ary dos Santos, mas encontramos uma curiosa "Bandeira da Vitória", com letra do crítico de televisão Mário Castrim, uma versão do incontornável hino da Ermelinda Duarte, "Somos Livres", e um poema do grande poeta António Feliciano de Castilho.

PRODUÇÃO E SELECÇÃO: João Viegas
ARRANJOS E DIRECÇÃO MUSICAL: Jorge Palma



FACE A
CANTAREMOS/LUTAREMOS
(Gonçalves Preto - Braga Santos)
BANDEIRA DA VITÓRIA
(Mário Castrim - Nuno Nazareth Fernandes)

FACE B
SOMOS LIVRES
(Ermelinda Duarte)
HINO DO TRABALHO
(S. Galarza-António F. Castilho)


CANTAREMOS/LUTAREMOS
(Gonçalves Preto - Braga Santos)

Agora companheiros cantaremos
por aqueles que morreram na prisão.
Cantaremos a canção que vale a pena,
com a força de uma raiva em cada mão.
Cantaremos com a voz da liberdade
e faremos dessa voz nossa razão.

Cantaremos este sol imaginado,
cantaremos esta sede de amanhã,
que tiveram os amigos que lutaram
p'ra nos dar a liberdade por irmã.

Cantaremos os caminhos que nos deram
cantaremos o sinal que ainda se vê
e deixaram os amigos que levaram
e morreram a saber por quê.

Lutaremos
(lutaremos)
Venceremos
(venceremos)
Cantaremos
(cantaremos).

TONICHA: O PRETO NO BRANCO

TANTO ME FAZ
SINGLE, ZIP-ZIP, 30 056/S



OUTRAS CANÇÕES POLITIZADAS

Mais duas canções alusivas à Revolução de Abril, ainda por conta da editora Zip Zip, produzidas e editadas por Sassetti, SARL.
Pelo número de série do single, deduz-se que é posterior ao "Obrigado Soldadinho", mas certamente do mesmo ano de 1974.
Gravado nuns estúdios em Madrid, o disco conta com os seguintes temas:

FACE A
O PRETO NO BRANCO
(Letra: Ary dos Santos)
(Música: Pedro Osório)




FACE B
TANTO ME FAZ
(Letra: Ary dos Santos)
(Música: Fernando Tordo)




Curiosamente, o single é desdobrável e no seu interior há uma linda fotografia da Tonicha, ainda muito jovem, em estúdio:



Os arranjos e a Direcção Musical estiveram a cargo do maestro Pedro Osório.
O single "Outras canções politizadas" foi gravado em Madrid, nos estúdios Eurosonic.

TONICHA E AS CANÇÕES DA REVOLUÇÃO


FOTO DA CAPA: Carlos Gil

Ainda na editora Zip Zip, no calor da Revolução de 74, Tonicha grava algumas canções representativas da época revolucionária que se vivia.
O primeiro disco é composto por dois temas populares, com arranjo de Pedro Osório e com letras "inflamadas" de José Carlos Ary dos Santos.

Na face A, surge "Obrigado Soldadinho", uma adaptação do "Vira dos Malmequeres" que fora um êxito na discografia de Tonicha uns anos antes.
Na Face B, encontramos "Já chegou a Liberdade", uma adaptação de "Maria Rita (Cara bonita), outro êxito de Tonicha dos anos 60.

Estes temas viriam a incluir várias colectâneas que se fizeram sobre as canções de Abril.

OBRIGADO SOLDADINHO
(Letra: J. C. Ary dos Santos/Música: popular/Arranjos: Pedro Osório)

Obrigado soldadinho
Marinheiro português
Ficou aberto o caminho
E não há duas sem três.

Já virou o malmequer
No quartel de Santarém
Não há homem nem mulher
Que não virasse também.

Soldadinho marinheiro
Quem me dera ser a tua mãe
Marinheiro soldadinho
Muito perto está quem te quer bem.

Vira a tristeza alegria
O ódio vira ternura
Virámos o dia-a-dia
Com o fim da ditadura.

O vira dos malmequeres
Está dentro de todos nós
Homens, crianças, mulheres
Todos erguemos a voz.

Soldadinho marinheiro
Quem me dera ser a tua mãe
Marinheiro soldadinho
Muito perto está quem te quer bem.

Nas voltas do nosso vira
Vira virou a tristeza
Nunca mais ninguém nos tira
dos caminhos da tristeza.

O povo canta primeiro
e não há duas sem três
obrigada marinheiro
soldadinho português.



JÁ CHEGOU A LIBERDADE
(Popular/Ary dos Santos)

Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado
Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado.

Chegou um dia ao Rossio
Estava tanto frio, tanta gente triste
Entrou de espingarda em riste
Entrou de espingarda em riste.

Chegou um dia à cidade
E só atirou um amor perfeito
Era o que trazia ao peito
Era o que trazia ao peito.

Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado
No rosto traz a verdade
E na baioneta já feriu um cravo.
No rosto traz a verdade
E na baioneta já feriu um cravo.

Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado
Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado.

Depois foi até ao Carmo
Foi até ao cerne da nossa tristeza
E cantou "A Portuguesa"
E cantou "A Portuguesa".

E eu também cantei
só então me dei
conta da beleza
Da voz que ficou acesa
Da voz que ficou acesa.

Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado
No rosto traz a verdade
E na baioneta já feriu um cravo.
No rosto traz a verdade
E na baioneta já feriu um cravo.

Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado
Já chegou a liberdade
Com um chapéu encarnado.
(4x)

TONICHA CANTA PATXI ANDION


FOTO CAPA: M. Fiuza

Este disco de 1972 apresenta as versões de José Carlos Ary dos Santos para "4 canções de Patxi Andion", com Direcção Musical do maestro Thilo Krassman.
Leia-se o interessante texto que Ary assina na contracapa:

"Pax Andion (?) é - e já muitos o têm dito - um "caso" musical. Mas, quanto a mim, a grandeza maior desse "caso" reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino.
Em boa hora decidiu Tonicha interpretar algumas das suas canções, de cuja versão portuguesa tive o prazer de me ocupar. Também ela à sua maneira, personifica mais do que nenhuma outra, entre nós, o canto da nova mulher portuguesa. Canto de amor do povo e de amor pelo povo. Canto personificado num talento de facto ímpar mas, por força da sinceridade e do poder de comunicação humana, tornado colectivo e geral."


No interior do disco encontramos as letras das canções em castelhano e em português.



"20 versos a mi muerte"
(versão: Ary dos Santos)

Ai quando eu morrer não quero
Nem coroas de cravos velhos
Nem ramos de lirios secos
Que me flagelem os dedos.

Quero que o ar se recolha
Até que o eco tropece
Quero morrer devagar
E que a vida recomece.

Eu quero morrer descalça
Metida dentro da terra
Sem uma lágrima falsa
Como se um filho tivera.

Eu quero que a terra seja
O lençol da minha vida
À morte que se deseja
Porque não é despedida.

Destas 4 belas canções que integraram este EP de 1972, apenas o tema "Poeta desde lejos" foi reeditado, na versão portuguesa, na colectânea da Movieplay "ANTOLOGIA 1971-1977" do ano 2004.
Mais uma vez, uma parte importante do material discográfico de Tonicha fica por enquanto confinado ao vinil, enquanto se espera que as editoras apostem, invistam, na reedição destes temas. Ouvintes interessados há muitos, espalhados de norte a sul do país, e até no estrangeiro (incluindo na vizinha Espanha onde a carreira de Tonicha ainda é lembrada e seguida atentamente).

2 de julho de 2008

1971
"MENINA" en espagnol



Numa das várias lojas que hoje em dia se dedicam à venda de discos antigos, fomos encontrar a versão em castelhano dos dois temas de Ary dos Santos e Nazareth Fernandes que compunham o disco do FESTIVAL RTP DA CANÇÃO de 1971: "Niña" e "Mujer".
É uma edição Belter a partir da gravação original dos Discos Zip.

TONICHA CANTA O RESINEIRO

Entusiasmados com a criação do blogue, começámos a coleccionar os vinis de Tonicha, com o intuito de vir a possuir toda a sua discografia e poder aqui divulgá-la.
Voltámos ao Chiado, fizemos encomendas, fomos aos leilões da net...e havemos de ir à Feira da Ladra!

Os primeiros que encontrámos já cá tínhamos mostrado as capas (encontradas na Internet), mas vemo-nos agora obrigados a completar a informação acerca deles.
São do tempo da editora RCA, dos quais Tonicha vendeu milhares de exemplares. Infelizmente a data não consta em nenhum deles. Imaginamo-los nos finais dos anos 60, certamente antes de 71, ano do seu êxito do Eurofestival na editora Zip Zip.



Neste primeiro disco de vinil (que embora, na capa, se chame "FOLCLORE DE PORTUGAL" acabou por ficar conhecido pelo "RESINEIRO") surgem 4 temas do Cancioneiro Popular, todos com arranjos de Filipe de Brito. O tema "Resineiro" já tinha antes sido gravado por Zeca Afonso.
A belíssima fotografia da capa (Créditos: DÁRIO) é talvez uma das imagens mais (re)conhecidas de Tonicha, aqui retratada com um típico capote alentejano.

LADO 1
SENHORA DO ALMORTÃO
(Beira Baixa)
PÉSINHO DO PICO
(Açores)

LADO 2
RESINEIRO
(Beira Alta)
LÍRIO BRANCO
(Douro Litoral)



RESINEIRO
(Popular / Arranjo: Filipe de Brito)

Resineiro engraçado
Engraçado no falar
Óioai eu hei-de ir à terra dele
Óioai se ele me lá quiser levar.

Já tenho papel e tinta
Caneta e mata-borrão
Óioai p'ra escrever ao resineiro
Óioai que trago no coração.

Resineiro é casado
É casado e tem mulher
Óioai vou escrever ao resineiro
Óioai quantas vezes eu quiser.

Resineiro engraçado
Engraçado no falar
Óioai eu hei-de ir à terra dele
Óioai se ele me lá quiser levar.



A segunda "pérola" encontrada, com repertório assente no Cancioneiro Popular Português, é mais um EP com quatro temas populares.
Numa edição para a RCA, o EP foi lançado no mercado com o nome "TONICHA canta FOLCLORE DE PORTUGAL". A série de fotografias tirada por esta altura, uma das quais usada para este disco, são da autoria de M. FIUZA.
Praticamente todos os temas tiveram arranjo musical de João Viegas, marido da cantora, à excepção da canção "Coradinhas" cujo arranjo musical foi feito pelo músico Francisco Naia, primo de Tonicha.

LADO 1
VAI DE RUZ TRUZ TRUZ
(Ribatejo/Arranjos: João Viegas)
CORADINHAS
(Alto Alentejo/Arranjos: Francisco Naia)

LADO 2
LA-RI-LÓ-LÉ
(Ribatejo/Arranjos: João Viegas)
TROVAS MINHOTAS
(Minho/Arranjos: João Viegas



Temos que fazer uma especial chamada de atenção para a importante participação, na gravação destes temas, do "CONJUNTO DE GUITARRAS DE RAUL NERY" composto pelos músicos:

RAUL NERY
(1ª guitarra)
ANTÓNIO CHAINHO
(2ª guitarra)
JÚLIO GOMES
(Viola)
JOSÉ M. NÓBREGA
(Viola Baixo)
2008
Aniversário em Alpiarça




"O dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, foi assinalado em Alpiarça com o Chá das 21h, um espectáculo variado e muito animado, que teve lugar no Pavilhão Auxiliar do Clube Desportivo “Os Águias” e que contou com a participação especial da cantora Tonicha."

in Notícias do Município de Alpiarça

Curiosamente esse dia é também o dia do aniversário de Tonicha. Este ano somou 62 primaveras. Parabéns, menina!