14 de julho de 2008

TONICHA CANTA PATXI ANDION


FOTO CAPA: M. Fiuza

Este disco de 1972 apresenta as versões de José Carlos Ary dos Santos para "4 canções de Patxi Andion", com Direcção Musical do maestro Thilo Krassman.
Leia-se o interessante texto que Ary assina na contracapa:

"Pax Andion (?) é - e já muitos o têm dito - um "caso" musical. Mas, quanto a mim, a grandeza maior desse "caso" reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino.
Em boa hora decidiu Tonicha interpretar algumas das suas canções, de cuja versão portuguesa tive o prazer de me ocupar. Também ela à sua maneira, personifica mais do que nenhuma outra, entre nós, o canto da nova mulher portuguesa. Canto de amor do povo e de amor pelo povo. Canto personificado num talento de facto ímpar mas, por força da sinceridade e do poder de comunicação humana, tornado colectivo e geral."


No interior do disco encontramos as letras das canções em castelhano e em português.



"20 versos a mi muerte"
(versão: Ary dos Santos)

Ai quando eu morrer não quero
Nem coroas de cravos velhos
Nem ramos de lirios secos
Que me flagelem os dedos.

Quero que o ar se recolha
Até que o eco tropece
Quero morrer devagar
E que a vida recomece.

Eu quero morrer descalça
Metida dentro da terra
Sem uma lágrima falsa
Como se um filho tivera.

Eu quero que a terra seja
O lençol da minha vida
À morte que se deseja
Porque não é despedida.

Destas 4 belas canções que integraram este EP de 1972, apenas o tema "Poeta desde lejos" foi reeditado, na versão portuguesa, na colectânea da Movieplay "ANTOLOGIA 1971-1977" do ano 2004.
Mais uma vez, uma parte importante do material discográfico de Tonicha fica por enquanto confinado ao vinil, enquanto se espera que as editoras apostem, invistam, na reedição destes temas. Ouvintes interessados há muitos, espalhados de norte a sul do país, e até no estrangeiro (incluindo na vizinha Espanha onde a carreira de Tonicha ainda é lembrada e seguida atentamente).

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