16 de abril de 2010

TONICHA: FALA DO HOMEM NASCIDO

OPERETA PARA DISCO
LP, ORFEU

Por iniciativa de José Niza a cantora Tonicha participa, em 1972, em "Fala do Homem Nascido", uma opereta gravada para disco, com poemas de António Gedeão.
Os cantores convidados para este projecto, que inicialmente saiu em LP pela editora Orfeu, foram Duarte Mendes, Carlos Mendes, Samuel e Tonicha.
Com música composta por José Niza, que também assinou a produção do disco, "Fala do Homem Nascido" teve arranjos e direcção de orquestra a cargo do maestro José Calvário.
Já no final dos anos 90, mais precisamente em 1998, a Movieplay lançou no mercado uma reedição em formato CD.



1- ESTRELA DA MANHÃ
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
FALA DO HOMEM NASCIDO
Canta: Samuel
2- DESENCONTRO
Cantam: Samuel e Tonicha
3- TEMPO DE POESIA
Canta: Duarte Mendes
VIDRO CÔNCAVO
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
4- POEMA DA MALTA DAS NAUS
Canta: Samuel
LÁGRIMA DE PRETA
Canta: Duarte Mendes
5- POEMA DO FECHO ÉCLAIR
Canta: Duarte Mendes
6- CALÇADA DE CARRICHE
Canta: Carlos Mendes
7- POEMA DA AUTO-ESTRADA
Canta: Tonicha
8- POEMA DE PEDRA LIOZ
Canta: Samuel


FOTO: Álvaro João

Poemas: António Gedeão
Música: José Niza
Arranjos e Direcção de Orquestra: José Calvário
Gravação de Orquestra nos Estúdios Celada (Madrid): Pepe Fernandez, Enrique Rielo e Vinader
Gravação de vozes nos Estúdios Polysom (Lisboa): Moreno Pinto
Produção: José Niza
Arranjo gráfico da capa original: Beatriz Morais Alçada
Fotografias da capa original: Álvaro João
Fotografia de António Gedeão: gentilmente cedida pelo fotógrafo João Ribeiro
1972, Orfeu

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POEMA DA AUTO-ESTRADA
(Letra: António Gedeão/Música: José Niza)

Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.

Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.

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