14 de junho de 2008

TONICHA: CANÇÃO DO CIGANO

O REGRESSO
CD, POLYGRAM (POLYDOR), 519722 2



Após alguns anos de afastamento, Tonicha regressa às canções e aos discos.
Agora, já na era do CD, edita "REGRESSO", em 1993, disco composto por 14 temas de cariz popular rebuscando algumas canções de glórias passadas como "O cavaquinho", "Canção do cigano" e "Mariana".
Apresenta também temas inéditos como "Minha terra de Agosto desejado" (letra do marido, João Maria Viegas, e música de Luís Pedro Fonseca), "O que é eu faço" (letra de João Maria Viegas e música de Nuno Nazareth Fernandes), "O mercado" (letra de Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes) e "Ao domingo" (letra de Joaquim Pessoa e música de Fernando Tordo).
Conforme se pode ler no folheto do CD, as canções "Minha terra de Agosto desejado" e "O que é eu faço" são dedicadas ao emigrante português.
Reaparece na televisão em dois programas de grande audiência: na RTP, no "Parabéns" do Herman José e, na SIC, em "Falas tu ou falo eu" de Fernando Tordo e Carlos Mendes.



CANÇÃO DO CIGANO
(Letra: Vasco de Macedo/Música: Frederico de Brito)

Pelas raias de Espanha nas sombras da noite
Passava um cigano no seu alazão
O vento brandia seu nórdico açoite
As folhas rangiam caídas no chão.

E já embrenhado no alto Alentejo
Nas sombras da noite tingidas de breu
Nem mais uma praga nem mais um desejo
Aos ecos distantes o pobre gemeu.

Não há maior desengano
Nem vida que dê mais pena
Do que a vida de um cigano
Atravessar a fronteira
Para ser atravessado
Por uma bala certeira
E tudo porque o destino
Só fez dele um peregrino
Companheiro do luar
Um pobre judeu errante
Que não tem pátria nem lar.

E o contrabandista temido e valente
Voltava de Espanha no seu alazão
Um tiro certeiro e o braço dormente
E um rasto de sangue marcado no chão.

E já embrenhado no alto Alentejo
Nas sombras da noite tingidas de breu
Nem mais uma praga nem mais um desejo
Aos ecos distantes o pobre gemeu.

Não há maior desengano
Nem vida que dê mais pena
Do que a vida de um cigano
Atravessar a fronteira
Para ser atravessado
Por uma bala certeira
E tudo porque o destino
Só fez dele um peregrino
Companheiro do luar
Um pobre judeu errante
Que não tem pátria nem lar.



CHULA
(Letra: João Maria Viegas / Música: Rão Kyao)

Cantigas de portugueses
Lembram gaivotas no ar
Voando por entre as ondas
Trocando as voltas ao vento
Com medo de naufragar.

A cantar me fiz mulher
Fiz da vida uma cantiga
Cantigas leva-as o vento
O vento levou-me todos
Os sonhos de rapariga.

Fui ao mar pra ver as ondas
O mar gemia de dor
Trazia prantos e mágoas
Eram marés que mandavam
Saudades do meu amor.

Adeus ó vareira chula
Ó minha velha canção
Vens das terras de Galiza
Trazes notícias de Espanha
Com sabor a tradição.


FOTOS: Vasconcellos e Sá / DESIGN GRÁFICO: Álvaro Reis

MINHA TERRA DE AGOSTO DESEJADO
(Letra: João Maria Viegas / Música: Luís Pedro Fonseca)

Meu amor, minha terra, meu país
Meu fruto saboroso na distância
Meu quintal semeado de alecrim
Que enfeitaste de ilusões a minha infância

Minha terra de Agosto desejado
Minha pipa de vinho morangueiro
Minha noiva de Viana, meu brocado
Meu jardim, meu recanto e meu canteiro

Esta saudade que mata
Este bem querer que perdura
Daquele luar de prata
Que revejo na lonjura

Este destino fadista
Que marcou o meu passado
Por sonhos e palavras ditas
Nos versos do nosso fado

Meu país de fados magoados
Que guitarras entoam noite fora
Misturando nos acordes e trinados
Saudades da família que lá mora

Minha aldeia dos pares de namorados
Que ao domingo se passeiam pela rua
E que à noite se entregam, abraçados
Jogando às escondidas com a lua.

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