14 de junho de 2008

TONICHA: FALA DO HOMEM NASCIDO

LP, ORFEU, 1972
CD, MOVIEPLAY, 1998


Por iniciativa de José Niza a cantora participa, em 1972, no disco "Fala do Homem Nascido", uma opereta gravada para disco, com poemas de António Gedeão. Os cantores são Duarte Mendes, Carlos Mendes, Samuel e Tonicha.
Os arranjos e direcção de orquestra ficaram a cargo do maestro José Calvário e a produção é de José Niza.



1- ESTRELA DA MANHÃ
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
FALA DO HOMEM NASCIDO
Canta: Samuel
2- DESENCONTRO
Cantam: Samuel e Tonicha
3- TEMPO DE POESIA
Canta: Duarte Mendes
VIDRO CÔNCAVO
Cantam: Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha
4- POEMA DA MALTA DAS NAUS
Canta: Samuel
LÁGRIMA DE PRETA
Canta: Duarte Mendes
5- POEMA DO FECHO ÉCLAIR
Canta: Duarte Mendes
6- CALÇADA DE CARRICHE
Canta: Carlos Mendes
7- POEMA DA AUTO-ESTRADA
Canta: Tonicha
8- POEMA DE PEDRA LIOZ
Canta: Samuel


As fotografias da capa original são da autoria de Álvaro João, para um arranjo gráfico de Beatriz Morais Alçada.

POEMA DA AUTO-ESTRADA
(Letra: António Gedeão/Música: José Niza)

Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.

Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.

1 comentário:

s disse...

http://tonicha-clube-de-fas.blogspot.com/search/label/Jos%C3%A9%20Calv%C3%A1rio